domingo, janeiro 18, 2004

Um texto que encontrei na internet... gente louca, hein!


Não quero trabalhar, nunca o quis.

Perdão, trabalhar já foi um dos meus desejos, já me aguçou a
curiosidade, mas eu era apenas um criança: ainda "pensava" que sabia das
coisas. Hoje já sei; mesmo não sendo original, sei que de nada sei; sei
também que não devo trabalhar - esta última afirmação é consequência da
primeira. Sei que não sei, não será trabalhando que saberei. O trabalho me
desvia do caminho principal da minha vida - o qual ainda desconheço,
justamente, por trabalhar.

Alguém me deu a vida para que algo, que ainda não descobri, eu
faça dela, ou nela, ou ainda para ela. Suponhamos que essa afirmação
possivelmente seja uma verdade; ela vem a me confirmar que não devo
trabalhar, vem justificar o porquê de eu não querer trabalhar. Não é
"alongando" indefinidamente minha vida, correndo atrás de sustento, de
algum emprego que me pague para que eu não morra de fome, para que eu dure
mais um mês, me vendendo em troca de alimento, não foi para me vender que
nasci... bom, pelo menos não eu.

Não, não e não; não é assim que quero viver, não é deste modo que
eu devo viver; ninguém deve viver desta maneira; todavia digo Eu porque,
pelo que eu saiba, Eu não quero trabalhar.

Também não quero impor minha verdade a ninguém: não sou da Igreja
da época das cruzadas, nem um, já que está na moda criticá-lo, Jorge Bãchi
qualquer, por isso digo que EU não quero trabalhar.

Cada um com sua "loucura" né? Tem até gente que gosta; sim,
existem pessoas que acham o trabalho algo saudável, importante, bom!,
purificador, dignificante! Bom para eles, para mim não.

Convoco todas as ONGs a me ajudarem nesta empreitada, que é das
mais difíceis! Estou indo de encontro a todos os sistemas econômicos
existentes, sou contra o capitalismo, o socialismo, o anarquismo, o
comunismo, enfim, contra os ismos! Não sou o primeiro, nem devo ser o
último, portanto, mandem-me doações, ajudem a tirar alguém do grande mal
que é o trabalho, que tolhe a melhor parte de nossas vidas, quando estamos
saudáveis, em troca de remédios para nossa velhice no ócio.

Não sou um cachorro que corre penosamente numa esteira tentando
alcançar o pedaço de carne que se exibe à sua frente, que não pensou em
parar no início, visto que, se esforçando correndo, ou permanecendo
parado, o resultado seria o mesmo. Pois bem, desisto desde já, não quero
me anestesiar trabalhando e ficar sem tempo para o que quer que seja a
minha verdadeira busca.

Milionários, magnatas de plantão!, ajudem a formar um homem
verdadeiramente livre e completo!... bem, o completo vem depois de eu
descobrir a verdadeira essência do que eu procuro - e que ainda não sei
onde procurar. O "livre" vem agora: quero poder passar por todas as
experiências possíveis. Eu poderia viver sem trabalhar morando num
monásterio, me isolando num templo budista, vivendo no mato... já pensei
com carinho em todas essas opções, porém, em nenhuma delas eu seria livre!
Ficaria condenado naquele sistema! e eu quero aproveitar das benesses do
capitalismo também, assim como das de um retiro espiritual, de viagens
pelo mundo; quero o conhecimento de todas as culturas e o sentimento de
todas as artes. Para isso, preciso de grana, dinheiro vivo, e não posso
perder tempo trabalhando para consegui-lo por mim mesmo.

Visto de modo racional, o trabalho é o
adiamento-inútil-do-fim-da-vida: trabalhamos um dia para sobrevivermos
(leia-se durarmos) mais um, trabalhamos então, novamente, por mais um dia
para sobrevivermos, mais uma vez, mais vinte e quatro horas; e assim
perduramos e gastamos nossa preciosa saúde para, enfim, reencontrarmos a
vida, que já não víamos desde a infância, quando já nos é impossível
correr, brincar, pular, beber, transar, curtir, festejar, ver, escutar;
não nos resta mais nada... perdão, nos resta sim algo de importante para
fazermos em nossas vidas quando estamos velhos para os demais prazeres:
morrer.

E o que mais de útil nos sobraria para fazer quando já estamos
velhos, gordos, ranzinzas? Ver televisão? Das duas uma: ou já estamos
quase cegos, ou quase surdos; aliás, ver TV é útil? De novo, bom para quem pensa
que é; estes, então, passam a vida se matando de trabalhar para patrocinar
seus remédios e sua televisão no futuro. Como não penso desta maneira: não
quero trabalhar.

O quê? ah!.. e quem vai mover o mundo se ninguém mais trabalhar?
Quem vai trabalhar pelo abastecimento de alimentos e produtos, pela
prestação de serviços, pela tal evolução do planeta?
Pro inferno a evolução do planeta! Eu quero Eu evoluir!
Que se dane o mundo! A mim só interessa a minha evolução! e além do mais,
a princípio, sou só eu que não mais trabalharei, já que sou eu quem não quer trabalhar.
Os outros... bem, os outros que façam o que bem entenderem caramba!
Não sou eu que devo cuidar deles, sou? Cada um com seu deus, cada qual
com sua verdade; a minha é esta: não quero (leia-se não devo) trabalhar.

Imploro para que os governos interessados em patrocinar minha
aventura não se acanhem e façam doações ao meu projeto; jogadores de futebol,
celebridades, playboys, cantores, empresários, todos convidados para participar da festa!
O nome de todos será publicado abaixo, no espaço dedicado àqueles sensíveis à mais nobre
das causas: o verdadeiro conhecimento, a procura da tal da Felicidade.
A doação não estará indo para mais um pobre coitado condenado à miséria, não
estará fortalecendo as unhas daqueles que se agarram com todas as forças para permanecer
neste mundo; o dinheiro proporcionará a minha liberação do sistema, para que eu possa
analisá-lo por completo; só estando fora do jogo é possível vê-lo por completo, conhecer
todas as suas faces; proporcionará a liberdade de pelo menos um dos
filhos-desorientados-de-Deus.

Nos juntemos para proporcionar tal fato extraordinário! Eu já vivi o bastante dentro do sistema, já posso sair dele solidamente, sem incertezas quanto ao que desejo, para mim, daqui para frente. Criemos um homem livre, o primeiro ser completamente livre para a eterna busca humana. Não redigirei livros de auto-ajuda não; escreverei o livro definitivo. Diferentemente de toda a literatura até aqui, escrita por quem passou por grandes sofrimentos e transtornos, escreverei a primeira obra feita por alguém realmente feliz, por alguém que, finalmente, alcançou o ápice do desenvolvimento, do conhecimento e da felicidade humana. Será possível uma pessoa plenamente satisfeita com a vida, escrever decentemente, revelar seus segredos? ou esse tipo de gente não tem tempo para tais bobagens?
Pois bem, eu terei e o farei. Contribuamos para que assim o seja.

Mais vale alguém no pico,
do que todos no sopé;
que pelo menos hum aviste o farol,
que não morram todos afogados.

...