quinta-feira, abril 21, 2005

É impossível escrever após um dia movimentado: a cabeça fica fria, vazia de idéias, tudo o que foi pensado foi realizado. Um bom texto só sai de uma mente fervendo, em ebulição, depois de muitas horas sem fazer nada, só a pensar. Aí então as idéias ficam pegajosas, colam umas nas outras formando um emaranhado, ou uma pasta, de convicções. Qualquer pensamento que se pegue, aleatóriamente mesmo, já traz consigo diversos outros caminhos para a sequência do raciocínio, inúmeras ramificações que proporcionam a queda fluente do texto no papel. Ele jorra dos dedos para a tela.
Com a cabeça anestesiada de uma jornada cansativa, tudo é vácuo no interior. Com as idéias frias e lisas, os pensamentos escorregam e escapam um do outro como sabonete. Até que se consiga pegar um, até que este esteja estabilizado, até que... já passou a vontade de escrever.
Compor um texto é coçar algo que pinica dentro da cabeça.