quarta-feira, abril 13, 2005

O Paraíso existe, mas não somos nós os habitantes

Aqueles que nunca pecaram, nem têm poder para isso, desconhecem o conceito, eles moram no Paraíso. O meu cão é um destes felizes premiados.
Os cães domesticados estão no topo da evolução terrestre; moram junto do seu próprio deus, comem à vontade sem precisar lavar a louça, sem precisar se servir nem se comportar à mesa - aliás, não têm de se comportar em lugar nenhum a menos que seu grande deus lhes dê um puxão de orelha. Não pagam plano de saúde, aluguel, conta telefônica; tomam banho raramente, têm seus potes de água e de comida sempre preenchidos e, claro, não trabalham. Não comeram da maçã, não foram punidos.
Eu sempre sonhei em ter uma vida assim, com essa única preocupação de saber em qual lugar se deitar a seguir, ou para qual lado girar. Meu cão se sente culpado por isso, e sempre quer demonstrar serviço, mostrar que está alerta: geralmente, quando me levanto da cama, ele sai latindo porta afora olhando atento para todos os lados.
Enfim, poderíamos cuidar de nós humanos tão bem quanto tratamos nossos cachorros (se estes últimos não fossem tão mais fofinhos).