sábado, março 05, 2005

As duas cordas que uniam os dois extremos das nuvens não suportaram as duas últimas ondas das duas últimas noites. O nó se desfez, seus escombros escorreram garganta adentro, por fora, o suor sem sal lhe moldava as membranas. Marte não alcançaria o mar se mergulhasse lá de cima; nem mesmo se o sol entrasse de sola. Andamos procurando o próximo passo, esquecendo de passear pelo passado recente, que era o presente do último instante. A espuma, entretanto, também se esquece de ter sido, um dia, onda, oceano. Eu? Estou preso no presente: não me lembro de meu passado e não sei do meu futuro.
Filósofos tentam fundamentar as infundamentáveis questões fundamentais, mas entram em contradição ao tentar contradizer contradições. Não, não são felizes.