sábado, agosto 20, 2005

Ouve mais quem menos vê

Os dois garotos eram cegos, corriam pelas riachos do quintal de casa e nunca tropeçavam nas pedras do caminho, mas esta estória é sobre Ana.
Um deles era pequeno e sempre apanhava nas discussões com o irmão, corria para o quarto e esperava até que seu pai desse uma sova no agressor para então parar de chorar. Contudo falaremos aqui sobre Ana.
Os pés eram de homem, as mãos também, mas os dois pequenos irmãos, sem nunca terem se olhado, sabiam ver quando o outro olhava ameaçadora ou ternamente, com aquele sentido que só mesmo crianças possuem. Ah... Mas esta estória é sobre Ana.
O sol ainda queimava as bordas do asfalto, ônibus jorravam fumaça por escapamentos barulhentos e ali, sentados no muro, os dois irmãos passavam o dia a filosofar sobre ruídos: os naturais, os fabricados, os inumanos e os inaudíveis. E é aí que entra Ana na estória.
Ah... Ana, só de pensar...
Essa história era sobre Ana.
Sim, Ah! Ana!