sexta-feira, maio 19, 2006

Para Luiz Carlos Prates, do que falou hoje no JA.
Juro que não entendi.
Quando você fala que dos idiotas que vão para os EUA, fala dos que vão pra ficar ou dos que vão fazer apenas uma experiência nas férias? Porque se você se refere aos segundos, está completamente errado; e se se refere aos primeiros, está completamente errado também. Mas isso é a minha opinião, que, claro, vale mais pois sou mais bonito.
Insiste num nacionalismo barato, fraco, agonizante; ou você é burro, ou ignorante. Uma língua não se aprende com seis anos de livros, uma língua só se aprende se for vivenciada, língua é prática, não teoria; sua afirmação é tão falha quanto tentar aprender a surfar estudando livros de física, ou aprender violino lendo apenas partituras. É necessário uma prancha embaixo do braço ou um instrumento sobre o ombro, o instrumento da língua é o mundo onde ela é falada.
A polêmica é tão ridícula que nem dá vontade de se extender. Só vou concordar a partir de agora.
Acabei de voltar de lá. Com quatro meses de trabalho fiz onze mil dólares; voltei com sete. Faça as contas de quantos meses eu teria de ficar sendo explorado em um estágio qualquer pra juntar tal quantia; bom, mas o estágio é uma escola... Sim, Prates, o estágio é uma escola; estou aprendendo uma profissão ao tirar xerox para um chefe ou ao atender um telefone. Você está mais que certo, comparando todas as vivências que tive nesses quatro meses (e todas as que não vou ter por não precisar estagiar) e tudo o que posso aprender com meio período de cadeira-telefone-orkut, chega-se à conclusão que você está certo, Prates, você está mais que certo. Acalmou agora? Isso, dois goles d´água e respira, dois goles d´água e respira... isso.Também concordo que lavar pratos por lá é mais indigno que prestar concurso pra lixeiro por aqui; comer hambúrguer lá é pior que passar fome por aqui; e sim, basquete é muito pior que futebol e o Lula é muito mais inocente e e tem muito mais competência que Bush.
Parece que o grande problema é que a Gloria Sei-la-o-quê nunca conseguiu se tornar cidadã americana. É uma pena mesmo, melhor seria ter ficado no seu país de origem e montado uma floricultura, não é?Ninguém aqui no Brasil é menos cidadão de lugar algum do que ela; sem ser cidadão, trabalhando e morando por lá, você ainda tem mais direitos que aqui; trabalhando e morando por lá, você trabalha melhor e ganha mais e passa menos fome e está mais seguro que aqui; trabalhando e morando por lá você vive um futuro melhor, não espera por ele como aqui. Qual é realmente o problema de ir tentar a vida num país melhor?
Esbravejando desse jeito, caro colunista, você está xingando tipos como o Ronaldinho (por que não ficou a vida toda no Grêmio, né?), a Gisele Bundchen (por que se mudou daqui?), e muitos outros, que como o primeiro, fizeram fama aqui e tiveram que se mudar pra ganhar a vida, ou que, como a segunda, deram certo primeiro lá fora pra serem reconhecidos aqui dentro.
Seu intuito era tentar atiçar um patriotismo bobo, que no Brasil é meio falido se não for em relação ao futebol, e ficou sem uma argumentação, no mínimo, adulta. Entre um ou outro xingamento, um teatrinho e uma citação esdrúxula. Você citou Glória Estefan (é isso?), bom, eu prefiro concordar com Einstein quando ele diz que "o nacionalismo é a catapora da humanidade".