quinta-feira, setembro 15, 2005

Futebol
Ontem assisti a um jogo em que nenhum dos dois times me agradava, o argentino River Plate contra o "humilde" Corinthians, nas oitavas de final de um campeonato desinteressante. Já se passava dos vinte minutos quando me toquei que torcia sempre para quem estava no ataque e ficava feliz, tanto quando o ataque chegava perigosamente, quanto quando a defesa se saía bem no lance. Acho que descobri o prazer do futebol: você define o que quer e tem imediatamente onze infelizes correndo como desgraçados para realizar o que você deseja. Diferentemente do volei, em que o pessoal fica paradinho jogando a bola de um lado pra outro, até mergulhando vez por outra - mas sem tanto desgaste -, o futebol exige que onze homens crescidos corram desesperados atrás de um objetivo proposto por você, ali deitado, na cama ou no sofá, com uma cervejinha na mão; e ainda tem um técnico nervoso na beira do campo berrando durante noventa minutos; e outros onze perdidos tentando acabar com a festa; e um carinha de preto que acha que manda em alguma coisa ali no meio. Todos ali, pra você. Ainda se enfeitam para cumprir a importante missão, com meias longas e camisetas chamativas.
Eu fiquei com sono e dormi no meio. Fui acordar só no fim do segundo tempo, todos suados de tanta correria, alguns já sentados no banco, outros machucados. Eu dormi, sonhei com alguma coisa relacionada ao macarrão que tinha acabado de comer, despertei e o pessoal não tinha desistido ainda. O contrato era de noventa minutos e eles se esforçariam até o final, no trabalho gratuito de tentar fazer um gol para mim enquanto especialistas analisavam todos os lances friamente.
Com requintes de crueldade, mudei de canal, abaixei o volume e fui dormir. Nenhum dos times me agradava mesmo. E ainda estava zero a zero.